Recebi uma cartinha e uma foto mais recente da Evangeline Igiraneza do Burundi, que é a minha “afilhada” ActionAid. A Ga, minha irmã, a apadrinha em meu nome (como presente de aniversário) há dois anos através dessa organização mundial. – Será que algum presente pode significar mais que esse?! – Quando ganhei o presente, recebi um desenho feito por ela e uma cartinha ditada por ela se apresentando.
Ao ganhar, eu nem pude imaginar que seria realmente possível conhecê-la em pessoa, mas aconteceu. Durante a viagem Experiência de Empatia conheci a Evangeline, sua irmã, seus pais, sua casa e seus vizinhos pessoalmente em dez/14 em Nyabikere, zona rural do Burundi. Foi um dos momentos mais marcantes da minha vida porque envolvia uma mistura de ansiedade, com um sentimento de amor meio-familiar e um medo de ver uma vida sem condições mínimas de bem estar e não poder resolver tudo.
Esses abismos de poder aquisitivo, cor de pele, região geográfica, origem e amor são tristes e isso não é justo.
Imagina hoje então, a quantidade de lembranças emocionantes que me veem a mente ao pensar em tudo o que deve ter acontecido na vida dela até hoje. Em uma cartinha anterior ela contou que estava feliz em cuidar das cabras que tínhamos presenteado e que o pai tinha construído um banheiro na casa dela. – Pra manter uma referência à realidade, esse “banheiro” deve ser um buraco profundo no chão de terra no mato e paredes de barro ou palha em volta, para uma privacidade mínima, que serve também pra tomar banho com caneca. – Em outra cartinha ela contou que estava muito feliz, pois o pai a tinha matriculado na escola e que uma cabritinha estava prestes a nascer.
Na cartinha que recebi ontem ela conta que a escola foi reformada e que agora ela está muito feliz porque pode ter aula mesmo quando chove, pois antes não podia. Também comentou que decidiu que deseja ser médica depois da escola e me desejou muitas vezes a “paz de Deus”!
De tudo isso, a mensagem que fica hoje pra mim é que a felicidade é um sentimento ponderado ao que queremos e ao que podemos ter. Não sei todos os sonhos da Evangeline, mas continuarei tentando pra sempre engajar esse movimento pra nos importarmos com mais pessoas tendo acesso a coisas tão humanamente básicas como educação, alimentação, saúde, moradia e amor. Essas necessidades básicas para todos são simplesmente alcançáveis se passarmos a enxergar a felicidade dos outros como relevante e deixarmos de priorizar a nossa como a única.
Quem sabe assim todas as “Evangelines” mundo afora possam ir a uma escola que resista à chuva, ter um banheiro e realizar a profissão que desejam!
Aqui a foto completa dela.
Publicamos um vídeo dela ao final do artigo na época: https://www.thinktwicebrasil.org/experiencia-14-burundi/
Obrigado, Felipe.
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